Rendeiras do tempo





Vai a mulher rendeira,
separar mais retalhos,
corta, picota e costura,
são restos de pano,
é colcha de trapo.

Cada pedaço, uma história,
um jardim de rosas,
um novo botão de flor,
restos de tecido rendado
desmonta e remonta em lavor.

Retalhos de tempo,
colcha de memória,
parte, de partes, de partes,
passado, futuro e presente,
que formam nossas histórias.

Mais uma parte que se fia,
Mais um trapo que se funde,
pequenas centelhas de tempo,
colcha sempre incompleta,
eterno movimento, em amiúde.

Incansável mulher rendeira,
que a vida fia e descostura,
nossos velhos e gastos pedaços,
colcha de tempo que fulgura,
somando a mais e mais restos
de outros pedaços de trapos.

Thiago Azevedo

Visitem o blog do autor: http://mangaepoesia.blogspot.com/

2 comentários:

  1. Acho engraçado, é uma impressão que tenho, de que meus poemas ficam melhores no blogs dos meus amigos, do que no meu mesmo. São impressões. Gosto mais de lê-los quando fugiram de casa, do que quando estão entre suas próprias porteiras.

    Paz e bem

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  2. Creio que o sentimento pode ser traduzido como a emoção de um pai ou de uma mãe que transmite o melhor de si a seus filhos, qdo o vê admirado por outras pessoas, é como se fosse descortinada toda a beleza que parecia estar oculta ou até mesmo nem notasse existir.

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