Perspícuo


Preciso de alguém que me permita falar
Alguém que não queira me impor seus princípios
Fazer-me calçar suas sandálias
Que me traga suas lições
Busco quem me ouça apenas
Que ouvindo sorria de leve
Com graça
Em Graça
Que não me aponte caminhos ou direções
Falar apenas,  é isso que quero
Instruções?  Se quiser, eu peço
Hoje quero falar
Falar
Falar
Falar dos meus erros e pecados
Falar das minhas certezas e incertezas
Se vontade tenho, preciso e quero falar
Não quero que questione meus princípios
Que se porte como oráculo da verdade
Voluntários se candidatam
E se mostram incapazes
Querem, eles mesmos
Falar-me como fazer
Como viver
O que sinto não importa
Como sinto pouco vale
No alto de suas presciências
Encontram meu erro
Solucionam minha dor
Impõem-me justa penitência
Soltam-me ao vento
Desisto de falar
Ponho-me a pensar
Encontro em mim
O Ouvidor maior
Está ali presto
Ciente e paciente
Sumo sacerdote de minh’alma
Benfeitor e feitor de mim
Ei-LO presente onde precisar
Agora sou eu, quem calo
Há ânsias de ouvi-lo
No entanto não há falas
Assim como O conheço
Sou reconhecida por ELE
Então, enfim, reina em mim
A verdadeira paz.

NELE, 
Noh Oliveira 

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