Ramerrão



Sentei o pau na baderna


Silenciei a televisão


Acabei com o burburinho das Alziras


Calei gritos da multidão


Proibi música alta


Isolei portas e janelas


Botei o marido pra rua


Mandei a gata pra vizinha


Fiquei assim


Eu só...


Só eu!


Então senti o perfume do silêncio


Que impregnou-me a alma


Nadei no oco de mim


Percorri corredores vazios


Ausentei-me de meus cuidados


Larguei mão dos afazeres


Notei falta de expressão


Nasci em meio ao movimento


Sou filha de ações


Gritei e não havia ecos


Notei-me despovoada


Abraçada a fantasmas


Na companhia dos que já não estão


Disse adeus apatia


Livrei-me do ramerrão


Se “aprocheguem” 


Que venham os sons


Sai pra lá apatia


Sou de festa


Eu quero vida!


Noh Oliveira

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