Vitrais de Outono


Selados na retina estão os vitrais de outono

Gelidamente vazios de expressão

Decadente de suas cores

Paletas que outrora sinônimavam vida

Agora metaforizam apatia

Indiferença enfermiça de intensidade

Seus sulcos são rastros de fina garoa

Ratificam a ausência de dias dantes desmedidos

São recortes do que já foi apenas sol

Retalhos de risos despreocupados

Vitrais de outono

Conduzem à memória a própria existência humana

Com suas estações – dentre elas, outonos

Dias e meses, às vezes anos!

Que passam sem evidenciar nuances

Tingidas por dor

Lavadas por choros

Vitrais de outono

Lembram que a tonalidade permanece

Que estações são passagens

Que pessoas lhes são semelhantes

Intensas em cores

Repletas de formas

Que retoma a vivacidade de sua natureza

E renova a magia de seus desenhos


Sempre ao final de cada temporada.

Noh Oliveira

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